terça-feira, 29 de dezembro de 2009

* Vida / tempo *


Não é que o tempo

está a nos espreitar

com seus olhos esbugalhados ?

Olhar enviesado

de quem contempla mistérios

num quadro


envergar

talvez não seja de todo ruim

bambus se dobram

beijam o chão

depois retomam

a original posição

cair e levantar-se

é renovação

jeito de entoar uma nova canção


Úrsula Avner

* Caros amigos (as) e visitantes, desejo a todos que em 2010 possamos entoar uma nova canção, em que a fé, a esperança, o amor, a perseverança, sejam nossa fortaleza contra as adversidades. Que as quedas vividas neste ano, sejam marcas de aprendizado ; fortalecimento interior e imã para as conquistas que virão !

Que tudo o que é bom ocupe nossos pensamentos e sentimentos !

Felicidades a todos ! Abraço afetuoso !

domingo, 27 de dezembro de 2009

* De volta á velha casa ( Soneto)


tela : Benedito Calixto



Mãos deslizam sobre o velho teclado

desnudam tons graves e agudos

memórias saltam do passado

descarilam fantasmas mudos


a pele do tronco do carvalho

se dissolve na saliva do vento

tulipas anelam chuva de orvalho

a secura da ausência debela o tempo


portas e janelas agora ventiladas

são caminhos de uma nova passagem

discreto eflúvio corre na casa da vila


no limbo das emoções surtadas

momentos empoeirados renascem

cada canto da casa de novo cintila



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

* Mensagem de renovação *



tela : René Magritte


O que a alma busca


certamente dorme


em sono profundo


em um plano superior


visceja em outra dimensão


há de estar guardado


no segredo das pérolas


na luz rutilante


da estrela mais distante


há de compor


o mistério da flor


que guarda o curso da semente


há de se abrigar


no fundo do oceano


ou no silêncio do abismo


na solidão das pedras


no voo das aves


há de estar


no sorriso da criança


no útero que gesta a vida


no pulsar do coração


naquilo que chamamos amor


nos versos de uma canção



Úrsula Avner


* Que possamos em qualquer tempo, em qualquer data , buscar a renovação interior que a alma almeja. Um abraço afetuoso a todos que me visitam e meus sinceros votos de felicidades !


" Examine- se o homem a si mesmo " ( versículo bíblico )

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

* Por um instante *

grafite no céu
emudece estrelas falantes
corpo nu no túmulo
apregoa o vazio do instante
tempo parado no tempo
asas decepadas

No jardim
de súbito
um bem-te-vi
corta o silêncio

bem te vi
espiar meus desejos
por um vão insolente
daquele céu
em negrume esponjoso
condensado como mel
fluido e pegajoso


Úrsula Avner

* imagem disponível no google
* poema com registro de autoria

sábado, 19 de dezembro de 2009

* palco de canções *




o som do poema reverbera

sino que badala nas veias

ipês amarelos ensaiam

a primavera dos meus sonhos


pensamentos fazem curva

tecem teias

caem na folha alva

desmaiam

misturam-se a canções alheias



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria
* imagem disponível no google

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

* Sentimentos de rosa *



quem sabe da melancolia da rosa
que solitária cresce no vaso ou no campo ?
Quem vê seus espinhos brotarem
tatuando sua carne ?
Acaso há espanto quando desfolhada
a rosa geme ?
Quem conhece seu silêncio orvalhado ?
Quem teme
tocar sua pele com cuidado
sem a lixa das mãos ?
Quem já ouviu as batidas do seu coração ?

Se o cravo brigou com a rosa
em desalento
não foi essa a razão
do seu desfalecimento
Não é o cravo seu algoz
é quem não lhe reconhece a voz


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* imagem disponível no google sem informação de autoria

domingo, 13 de dezembro de 2009

* Quem a vê ...não a sabe


arte : Pino Daeni


Quem a vê

terna e pacata

meiga e cordata

olhar sereno

não a conhece ...


* Para continuar lendo o poema clique em http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/


* O blog Maria Clara Simplesmente Poesia é um blog que reune várias vozes poéticas femininas da blogosfera, em expressiva interlocução poética. Aguardo sua visita. Obrigada pelo carinho !



Recebi da amiga Maria Madalena SchucK do blog Meus Poemas Favoritos o desafio de completar 5 frases , quais sejam :


Eu já ...

Eu nunca ...

Eu sei...

Eu quero...

Eu sonho...


Eis as minhas respostas :


Eu já me contemplei tantas vezes no espelho e ainda sei muito pouco sobre mim mesma


Eu nunca, desde que me entendo por gente, deixei de refletir sobre o sentido da vida e de minha existência


Eu sei que meus conhecimentos são uma gota no oceano


Eu quero aprender mais a cada dia de modo que possa aperfeiçoar meu ser

Negrito


Eu sonho com um mundo matizado nas cores do amor e da paz


As regras são designar 5 blogs que devem indicar de quem receberam o convite e completar as frases


Blogs que eu indico :


1- Poesias de Otelice Soares http://otelicesoares.blogspot.com/

2- Encantaventos ( Wania ) http://encantaventos.blogspot.com/


4- Faces de um poeta ( Ira ) http://irabuscacio.blogspot.com/
5- Voz ( Adriana Godoy ) http://driaguida.blogspot.com/


OBS: As indicações são meramente pontuais e sugestivas. Qualquer pessoa que queira participar sinta-se á vontade para postar em seu blog as respostas e indicar outros 5 blogs e quem foi indicado e não desejar participar, também sinta-se livre para refutar o convite.
Um abraço a todos com carinho !
Úrsula Avner

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

* Breve companhia *

Partiste
lépido sem despedida
do meu regaço fugiste
deixaste-me
solitário e triste
gotejando a dor da partida

Quisera aninhar-te
em meu colo
afagá-lo em minhas mãos
só mais um instante

contemplar o silêncio
de tuas asas
o pulsar galopante
do teu coração
sentir tua respiração
ofegante

Invejo tua liberdade
que em mostrar-me insiste
o quanto sou chão
em mim subsiste
a lembrança da tua canção
serena e incisiva
abaulando no peito
segredos inescrutáveis da vida


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* Imagem do google

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

* No chão *


arrasta pé
arrasta móvel
mulher arrasta
suplicante olhar
sobre o mar

arrasta o desejo
no coro do vento
que arrasta folhas
poeira no tempo

tempo arrasta
correntes
homens arrastam
a rede no mar
peixes saltam contentes
depois se arrastam
já não podem respirar

tem vida que arrasta
o medo da solidão
só se percebe
quando se alinha
ao chão


Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

* No balanço do silêncio *




eis que rompe o dia

invade meu estado de apagão

claridade estúpida


eis que sou sala vazia

lamentos em voz de multidão

garganta calejada e úmida



ruido surdo se alastra

palavras chegam tarde

em vozes moribundas


verso tímido a língua castra

palavras fazem alarde

morrem em valas profundas


Úrsula Avner


* imagem do Google
* poema com registro de autoria
OBS: Caros amigos(as) e visitantes, estou enfrentando problemas de saúde na família por isso ainda não tive tempo para responder aos últimos comentários feitos e para visitar os blogs que acompanho. Espero em breve poder retomar meus contatos com mais tempo. Um abraço a todos e obrigada pelo carinho.