sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
* Visão de mundo *
sorvi do tempo o que
não se podia perscrutar
avancei mar adentro
penetrei o mel e a azia
de cada sentimento
tra(vesti) a dor de poesia
embalei canções uterinas
em ventre rasgado de dor
vi papoulas regadas a urina
senti seu odor
coisas escandalosas
cortam os dias
coisas vãs e tortas
são abelhas africanas
na boca de homens improbos
almas vazias mentes insanas
a sombra das árvores que ainda salivam
foge dos homens cuja calçada é o sol
os homens não sabem que as árvores uivam
figuras espectrais rondam as ruas
há medo em olhares altivos
vestes camuflam almas nuas
há espelhos em cada canto
refletem imagens disformes fugidias
um pardal entoa seu can(pran)to
notas afinadas porém tardias
a pressa é hipertensa foge do sono
incute ao paladar sequidão losna de abismo
halitose labirintite fobia abandono
em cada olhar um caco de vidro
arranha a tênue imagem da esperança
lâmina na cama faz vazar o prurido
ossos estralam ouço seus gritos
osteoporose artrose lordose
vidas lânguidas em leitos aflitos
sorvi do tempo a parte dentada
protuberantes caninos e molares
mandíbulas afiadas ranhuras
marcas da poderosa arcada
o que resta são meros disfarces
Úrsula Avner
* poema com registro de autoria
* imagem do google
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Oi Úrsula. Um tempo longe, agora de volta. Forte esse seu poema. O primeiro que leio seu assim. Belíssimo. Gosto de textos profundos assim. Sempre talentosa poetisa. Bom te ler.Bjsss
ResponderExcluirUn poema maravilloso.
ResponderExcluirEs un placer visitarte.
Un abrazo
Saludos fraternos..
Que tengas un bello fin de semana..
Úrsula
ResponderExcluirHá vários olhos para se ver o mundo!
Quando se entra mar adentro para senti-lo, mesmo tra(vestindo) a dor de poesia, ela não consegue abafar os gritos que ecoam das suas profundezas.
O tempo não pedoa, estraga até os disfarces...
Lindas palavras, um estilo diferente do que estou habituada a ler por aqui, mas nem por isso perde o brilho que colocas em todas as poesias que sempre fazes.
Bjs
Muito, muito bom. Fiquei até sem fôlego. Que imagens, que força: "os homens não sabem que as árvores uivam" - não sabem que também uivam. Olhamos tão pouco a vida de frente - sem disfarces. Que beleza de poema, Úrsula. Beijooo.
ResponderExcluirÚrsula,
ResponderExcluirO seu Blog é maravilhoso, vir aqui é um momento comovente para os amantes da poesia...
Esse poema é especial, lindo!!Parabéns!
Grande beijo,
Reggina Moon
visite:
www.versidamori.blogspot.com
Incrível! Desses poemas que nos deixam sem fala.
ResponderExcluirBeijo grande!
Como o poema humana profunda, magro, que era tempo para o aparecimento de um poema de desilusão entre ambos tão animado e sonho, um prazer ler você. Um abraço.
ResponderExcluirForte "visão de mundo", Úrsula! Parabéns pelo magnífico poema! Bom demais (como sempre)!
ResponderExcluirPoema forte e profundom muito intenso e inspirado.Parabens.Arnoldo Pimentel
ResponderExcluirIntenso, belo, profundo, mágico. amei. Beijo
ResponderExcluirÚRsula,
ResponderExcluiresse poema está lacinante, há uma dor profunda nele...nada de parecido com tuas borboletas, mas esteticamente bonito.
Forte e belo!
ResponderExcluirÚrsula, aplausos, amiga!
Beijos
Mirse
Um poema muito forte e intenso e cheio de sensíveis metáforas.
ResponderExcluirUm beijo.
Agradeço a presença amável e gentileza dos comentários de cada amigo (a) que visitam meu cantinho. Bj afetuoso.
ResponderExcluirLindo dmais e que saudades suas. bjs e vem ver a Alice em exposição
ResponderExcluirOi, Úrsula!
ResponderExcluirVim ler o poema que você mencionou lá no Nudez Poética. As imagens são fortes e inquiridoras.
Gostei bastante!
Beijos
Paula e Lou,
ResponderExcluirobrigada pelo carinho. Bj afetuoso,
Úrsula