sábado, 30 de maio de 2009

* Ao som da lira *

Ao som cristalino da lira
embalo pensamentos num desejo insone
de edificar versos com a força de um ciclone
com palavras depuradas no fogo da pira

Removo as águas barrentas que inundam o poema
Quero versos desabrochados em flores musicais
poesia cantada, solfejada com o brilho de cristais
fonte límpida que flui serena

Desejo versos tecidos com simplicidade
em lirismo avantajado e incontestável

pois sem o som da lira não há poesia desejável
Não há entre o poeta e a sua obra qualquer cumplicidade

Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

* imagem retirada do Google

quarta-feira, 27 de maio de 2009

* Desejo de ser pássaro *



Quisera enxergar na parede
apenas aquele ponto mal esboçado
quase invisível, ali prostrado
imóvel, imperceptível

Quisera aquietar meu coração
na certeza do que não vejo
do que é crível
de uma teimosa esperança
acalentada pelo tempo
irremovível
esparramada na parede

Do outro lado
uma cratera profunda
Não há rede
só uma base funda

Quisera viver como os pássaros
completamente dependentes
do Seu criador
Não plantam , não colhem
todavia, não lhes falta alimento nem alento
Não se perdem em lamento
não choram de dor
não conhecem o amor
não sabem de si senão o que vivem
a cada preciso e indecifrável momento


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

* imagem retirada do Google

sexta-feira, 22 de maio de 2009

* A vida e o tempo *


Contemplo minha vida gotejando

nas linhas que o destino traça

A vida é como o tempo que me escapa

se acampa nos céus que ele mesmo tinge e enlaça


Hoje... As nuvens nimbus , o vento forte

A vida segue o compasso da tormenta

Amanhã... O céu azul anil , o sol no horizonte

A vida brada no ritmo do dia claro que a acalenta


Se hoje fechou-se o tempo

e a chuva torrencial destelha os bons pensamentos

onde lágrimas alojam meus desalentos

Amanhã , o dia se abrirá num manto azulado

A vida irá sorrir sem a lívida lembrança

do que já foi tornado


Úrsula Avner


* poesia com registro de autoria conforme Lei vigente no país

* imagem retirada do Google- desconheço a autoria

terça-feira, 19 de maio de 2009

* Por que escrevo ? *


Há coisas que não são explicáveis

são " sentíveis "

Apenas exequíveis

Sou poetisa não por acaso

ou por opção

Não por vaidade

mas por incumbência

por aterradora necessidade

Poesia é algo que compõe minha essência

Escrever está para as minhas veias

assim como o par de asas

está para o pássaro

Sou livre para alçar longos voos

nos tentáculos da imaginação

para sentir no pulsar das veias

o plasma vermelho da emoção



Úrsula Avner


* poesia com registro de autoria

* imagem retirada do Google

sábado, 16 de maio de 2009

* Ah se eu pudesse ...


Amanheci
se formou um vendaval em mim
Eu me perdi
como as folhas soltas no jardim
sonhos avulsos em mim
Serena, de novo adormeci
E me encontrei
quando vi teus olhos suspirei
Desejos mil
sobre um mar gigante eu deitei
Ah se eu pudesse
de novo dormir , sonhar...
Em teus braços despertar
Úrsula Avner
*poesia com registro de autoria

quarta-feira, 13 de maio de 2009

* Artífice do amor *



Ah quem me dera

ter asas como o beija-flor

artífice do amor

galante e intrépido sedutor

Ah se eu pudesse

voar como o beija-flor

levar em minhas asas

o perfume roubado da flor

Vai e vem o pequeno galanteador

sem compromisso ou demora

se embrenha no jardim de variada flora

voa até ser noite e de novo , aurora

Úrsula Avner

* poesia com registro de autoria

* esta poesia é composta por tres quartetos- não consegui fazer a divisão necessária por problemas no computador.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

* Chove em todo lugar *



A chuva cobre

em lamento incontido

a face da vidraça



Em gotas felpudas a chuva escorre

do olhar nublado e abatido
inunda o chão da praça


A chuva se deita lépida e faceira

nas ruas da cidade inteira


Se derrama a chuva sem piedade

no solo dos pensamentos, na tez da saudade


Úrsula Avner



* poesia com registro de autoria


* imagem retirada de pesquisa no Google-desconheço a autoria

sexta-feira, 8 de maio de 2009

* Sala de espelhos *



Tantas vezes olhei para mim mesma

ainda olho

Olhar atento de quem busca o que é familiar

e encontra o inexplicável

Olhar enviesado de quem duvida de si mesma

e se depara com o inevitável

Do avesso me reviro

Chocalho de sentimentos

Balanço alvoroçado de emoções

alvejadas por complexos pensamentos

Não posso fugir de mim mesma

Espelhos internos e externos

cercam-me por todos os lados

nos meus espaços quadrados

Reflexo indelével

do que não posso deixar de contemplar

Sinal incontestável

do que cotidianamente

há de me acompanhar

Um olhar atônito atravessa o tempo

fica guardado no cristal dos espelhos

Vejo uma figura estranha

cujo processar é lento

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

* imagem pesquisada no Google- desconheço a autoria

terça-feira, 5 de maio de 2009

* Sobre o envelhecimento



Nesta manhã que irrompe majestosa

Não me vejo mais envelhecida

Vejo-me mais inteira, até mais vistosa

As vigas no rosto não me emudecem

As sombras do passado não me fenecem

Em mim, encontro algumas fendas

por onde escorrem a luz da reflexão

Sou capaz de me olhar no espelho

e encontrar alguma paixão

descobrir que sou fecunda

que em meu ser, a vida ainda abunda

desejosa de parir meus anseios

ainda saltitantes

feito milho transformado em pipoca

feito beijo quando estrala e espoca



*Úrsula Avner

* Este poema é uma singela homenagem aos idosos

* imagem retirada do Google- desconheço a autoria
* poema com registro de autoria