terça-feira, 30 de junho de 2009

* Fluir Poético II *




Amor crepuscular


Moça bonita na janela

espia o fim de tarde

sol arregala os olhos

pinta um sorriso nas cores da aquarela

ilumina o rosto da beldade


*****//*****


Tempo interno


Sentiu uma fisgada

peso do mundo nas costas

sobrancelha arqueada

joelhos trôpegos

Lá fora

ainda não despontou o dia

Cá dentro

manhã despida de sol


*****//*****


Pisaduras


(Co) medi meus passos

(re) contei os dias

os que vivi

e os que ainda nem sabem de mim



*****//*****


Haikai


Nas avenidas

cotovelos se chocam

trafegam sonhos


***** //*****


Profecia auto-cumprida


Na mão espalmada

linhas curvas

traçaram seu destino

Vai ter vida de anjo

anjo torto

Não vai tocar flauta nem banjo

vai labutar


*****//*****


No jardim


Colibri cantou

nas hortências ovulantes do jardim

colibri pousou

Namoro acalorado á luz do dia

Enquanto as flores viscejam

colibri pia


***** // *****


Úrsula Avner


poesias com registro de autoria

imagem retirada de pesquisa feita no Google

domingo, 28 de junho de 2009

* Série Poetrix *




Um pássaro solfeja

na minha janela

sonhos voam com ele


***//***


Incontido é o lamento da noite

lágrimas felpudas

regam o silêncio


***//***


Par de incansáveis sentinelas

são seus olhos a perscrutar

aquilo que se oculta em mim


***//***


Há flores no jardim

em meu coração

botões fechados


***//***


O sol tinge o céu

com seus dedos dourados

aquarela crepuscular


***//***


Na madrugada úmida

profundo silêncio

desejos insones


***//***


Sons atravessam a madrugada

onde sonhos trafegam

ecos da alma


* versos com registro de autoria

* imagem retirada do Google

quinta-feira, 25 de junho de 2009

* Canto profundo *






Rendas de sal


que o mar regurgita na areia


trazem musgos e nostalgia


Melodiosa canção irrompe das conchas


que adornam os cabelos da sereia


canto profundo em melancolia


Uma estrela do mar aporta na praia


vem avisar que o oceano passa mal


devolve aos poucos tudo o que deglutiu


musgos, dejetos, desejos e o sal...



Úrsula Avner


*poesia com registro de autoria

* imagem retirada do Google

terça-feira, 23 de junho de 2009

* Que venha o silêncio *



Há momentos

dentro de mim

que emergem como um frêmito

numa avidez visceral

buscam a causa

de meus suspiros, ais e desalentos



Preciso ficar a sós com meus pensamentos

estancar a lamúria dos sons

revolver nos guardados da memória

deletos momentos

trancá-los á chave

preservar o brilho dos tons



Hoje, o novo me assusta

é tormento

o que é surpreendente me repele

é aflito

Quero apenas no eco dos pensamentos

cada preciso instante vivido

as mesmas reflexões em novos movimentos



Úrsula Avner



* poema com registro de autoria


* imagem retirada do Google- desconheço a autoria

sábado, 20 de junho de 2009

* Fluir poético *




* Bailado *


Na entrada da casa
pássaros e flores de fuxico
acomodados
em guirlandas de cetim

explosão de cores
anúncio de boas novas
No meu tempo interno
borboletas dançam

* Visão *

Eu vi um homem de cera
um homem velho
fincado ao pé da colina
Eu vi um homem de cera velho
tempo derretido no solo

* Esquizofrenia *

Arrancou as calças no meio do salão
ninguém tinha notado sua presença
até então
Olhar distante
medo ambulante
colibri em cauda de pavão

* Canto aflito *

Espicha a noite
modelo sonhos
no esmeril da vida

Eis que espia o dia
Junto os espólios
do quem em mim desfacelou

* Profecia *

Passarinho defecou
no vidro da janela
"É sinal de sorte "
minha mãe dizia
Sorte ? Só se for para ela
Passarinho manchou
minha aquarela
Turvou mundo de sonhos
do outro lado da janela


* Haikai *


Mar azul canta
lança corpo na praia
mil rendas de sal


* poemas com registro de autoria
*imagem do Google

quinta-feira, 18 de junho de 2009

* Canteiro *



Há no poema luz escondida
candelabro que aquece a vida

Quem viveu
e em nenhum momento

um poema escreveu
deixou de abrir uma fenda
no céu do pensamento

Dela escorre luz
reflexões gestadas em canteiro de idéias
goteja também o que não reluz
o que se oculta num campo de azaléias

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
*imagem retirada do Google

terça-feira, 16 de junho de 2009

*Da minha janela*





Gentis borboletas coloridas

migraram dos meus sonhos despertos

para a janela de onde contemplo

vida que escorre pelas narinas do tempo



No núcleo das vontades adormecidas

algumas borboletas em voos incertos

ainda estão a bailar aqui e ali

Ora na janela, ora dentro de mim


Úrsula Avner

*poesia com registro de autoria

* imagem retiada do Google

quinta-feira, 11 de junho de 2009

* Interior *


Imenso mar
guarda segredos

Na praia
conchas falantes



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

* imagem retirada do Google

terça-feira, 9 de junho de 2009

* Sentimento flamejante *



Que me abrace a paixão desmedida
garbosa ave a plainar altiva
sobre o céu carmim do coração
Em versos jubilosos invento uma canção

Quero abrir o peito á flecha do arqueiro
cupido que vem em ritmo festeiro
ou surge entre as nuvens de um céu seresteiro

Que me abrace a paixão crepitante
labareda letal que envolve os amantes
Deixo-me arder em brasa viva
Foge o medo, o desejo fica

Entregue estou ao sentimento flamejante


Úrsula Avner

* Veja ao final da página o vídeo da poesia
publicado no You Tube


* poesia com registro de autoria
* imagem retirada de pesquisa feita no Google

sexta-feira, 5 de junho de 2009

* Todos os sons *


Eu sei que canto
e isso é tudo
ou quase
A melodia margeia o meu espanto
suaviza o desencanto
Não há diferença alguma
entre o som que vem das árvores e o das cavernas
O mesmo som da tempestade é o som da pluma
O som da verdade ressoa em lacunas
O silencio é som estrondoso
corta o tempo em alvoroço
Todos os sons são uníssonos na rede da vida
Não há melodia alguma que não seja sentida
Úrsula Avner
* poesia com registro de autoria

terça-feira, 2 de junho de 2009

* Azul na poesia *


Em versos mudos
destravei algemas
Silencio preso
virou colibri
Cauda longa de espátulas azuis
Vistosa plumagem
tremula ao vento da imaginação

Úrsula Avner


* imagem retirada de pesquisa feita no Google

* poesia com registro de autoria