segunda-feira, 28 de setembro de 2009

* Enfado *


tela : Mirza Boleiro


palavras crespas

borbulham na mente

quando o sol se apaga


lembranças espessas

são guizo de serpente

quando a noite se propaga


Úrsula Avner


* Obrigada por sua presença !

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

* Paisagem *


Se não fosse chuva

o que vi em sua face

se não fosse a morte

um alegórico disfarce

estaria o sol

a reciclar as tardes

de açucar queimado


um manto dourado

cobriria o céu azul

cores que se abraçam

sem razão

sem explicação

tonalidades astutas

entornadas

esparramadas

feito prostitutas


Úrsula Avner

* imagem do Google- sem informação de autoria
* leia também " A poesia feminina no divã ou o contrário ? " no blog

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

* Brasil em carne viva *



Como me calar diante de tantas atrocidades ?

Vidas clamam nas ruas por dignidade

aquilo de que necessitam não é piedade

mas sim, direitos garantidos, oportunidade



Ouço muitos gemidos

o país adoeceu

fugiu a mãe gentil

dos filhos deste solo

o gigante dorme


em berço esplêndido

sem ter da genitora o colo


O sonho intenso

se transforma

em pesadelo imenso

sem raio vívido

Onde está o céu risonho e límpido ?


Onde há no seio da pátria mais amores ?

O que vejo é uma passarela coberta de cinzas

onde há solene desfile de dores

alguma alegria transitória e débil


dança nas ruas

fixa em cada rosto


máscaras incolores


A verdade é mulher que anda nua

não pode ser ignorada

carne aberta e crua

Fechou-se o riso dos lindos campos floridos

onde estão as margens plácidas do rio da esperança ?

Se houve glória no passado, que paz haverá no futuro ?

No que se transformará o viço da criança ?


Quero acreditar na mudança

mas só vejo o céu escuro

não posso deixar

que arranquem

a minha raiz

ainda choro quando ouço


o hino do meu país


Úrsula Avner


* este texto foi postado no site www.sitedepoesias.com.br/poetas/avner no ano passado ; é um desabafo que o meu senso de justiça me impeliu a registrar.

* a imagem é do Google e desconheço a autoria

Meu sincero agradecimento a todos que me visitam !

terça-feira, 22 de setembro de 2009

* Rutilância *

tropecei na canção
errei o passo
lânguido frouxo
descuidado

abraçada ao chão
fui andarilha
em notas musicais

sob aparência de clave
andei grávida de cânticos
criei asas de ave

torpor embriaguez
brilho de estrela na tez

supernova

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

NOTA : tem poesia minha postada no
mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com

sábado, 19 de setembro de 2009

* Compasso da queda *

aquela folha caída
banida
nem sabe de si

nem sabe
que
eu
a
vi
cair

na lentidão da pluma
corpo leve
feito espuma
flutua(nte)
no rastro do instante


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* imagem do Google-não foi informada a autoria

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

* A poesia ] mar aberto [ de Úrsula Avner


Hoje , a querida , talentosa e sensível poetisa, professora e amiga Hercília Fernandes elaborou uma rica apreciação literária sobre o meu trabalho poético no blog NOVIDADES & VELHARIAS onde ela homenageia várias poetisas e poetas da blogosfera. Deixo aqui o convite para que visitem o blog . Obrigada pelo carinho de sua presença em meu cantinho e comentário.

http://novidadesevelharias-fernandeshercilia.blogspot.com/

terça-feira, 15 de setembro de 2009

* Incontinência *


lágrimas escorrem

como seiva do caule

gota a gota

salgam o oceano

levam dores e alegrias

no dorso de noites e dias


lágrimas escorrem

feito água de chuva

gota a gota

inundam o solo

fazem curva

cobrem do rio o colo


lágrimas escorrem

enquanto luzes dormem


Úrsula Avner


* imagem retirada do google- sem informação de autoria

* poema com registro de autoria

domingo, 13 de setembro de 2009

* Auto-observação *


Se enrijeço

não mais me (te) vejo

sob o regaço da sombra

adormeço

onde nada se altera

plácida voz da repetição

na fugacidade do tempo

que ruge como fera


Se oscilo

não aconteço

não me concretizo

transito do fim ao começo

Emudeço

no útero da vida

no cárcere do desejo


Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

imagem do Google- Tela de Seurat, 1883 - " Camponesa sentada na grama "

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

* Sono x Escrita *



Quando o bocejo vem

com ele um hálito de poesia

fio de navalha corre pelo corpo

retesa membros

cerra as janelas da alma

encerra o dia


ao solavanco de estrelas

desponta a noite

tão senhora de si

perscruta pensamentos

aprisiona em quarto escuro

versos que não desabrochei

adormecidos sob os olhares atentos

do que ainda não (desen) cantei


Úrsula Avner


* imagem do Google


domingo, 6 de setembro de 2009

* Silêncio poético *

É no murmúrio da noite
que avança o mistério

no silente quarto fechado
no céu apagado

na mata desvirginada
na dor embutida

borboleta parou
imóvel ficou
como se fosse
proibido dançar

Qual nada ! ( tola borboleta)
na noite quem faz barulho
é quem não sabe voar

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

* Brev idade *




Breve vida

breve idade

breve querer

breve voz


Na brevidade dos dias

são breves os anseios

não me alimento de sonhos

só de brevidade


Úrsula Avner
* poema com registro de autoria