domingo, 28 de fevereiro de 2010

* Tapete de memórias *

arte: Mel Gama


menina sonha acordada
sonhos em pedrinhas de açucar
ilusão adocicada
pequenas gotas de cristal
tudo é infância afinal

nas memórias sobrevivem
a valsa das chamas na fogueira
o rosto abrasado da menina faceira
o baile multicolorido dos sons
o brilho da lua festeira
esparramado em muitos tons

céu estriado
tom laranja vitaminado
cor sem escrúpulo
crepúsculo
figuras espectrais surpreendem
na dança de formas que ascendem
no tapete das memórias
no palco das estórias


Úrsula Avner

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

* Insônia *




tela : You are not alone ( Você não está sozinha)
by: Mel Gama


pulo do gato

venceu o sono das horas

atravessou madrugada

rasgou o véu do silêncio

lua andou zonza e grávida


vidas se movem no telhado

dormir é privilégio dos justos

e quem o é ?

Sei dos meus ardores

destino traçado

na borra do café



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

* Visão de mundo *


sorvi do tempo o que
não se podia perscrutar
avancei mar adentro

penetrei o mel e a azia
de cada sentimento
tra(vesti) a dor de poesia

embalei canções uterinas
em ventre rasgado de dor
vi papoulas regadas a urina
senti seu odor

coisas escandalosas
cortam os dias
coisas vãs e tortas
são abelhas africanas
na boca de homens improbos
almas vazias mentes insanas

a sombra das árvores que ainda salivam
foge dos homens cuja calçada é o sol
os homens não sabem que as árvores uivam


figuras espectrais rondam as ruas
há medo em olhares altivos
vestes camuflam almas nuas

há espelhos em cada canto
refletem imagens disformes fugidias
um pardal entoa seu can(pran)to
notas afinadas porém tardias

a pressa é hipertensa foge do sono
incute ao paladar sequidão losna de abismo
halitose labirintite fobia abandono

em cada olhar um caco de vidro
arranha a tênue imagem da esperança
lâmina na cama faz vazar o prurido

ossos estralam ouço seus gritos
osteoporose artrose lordose
vidas lânguidas em leitos aflitos

sorvi do tempo a parte dentada
protuberantes caninos e molares
mandíbulas afiadas ranhuras
marcas da poderosa arcada
o que resta são meros disfarces

Úrsula Avner


* poema com registro de autoria
* imagem do google

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

* Contrastes*


tela: Salvador Dali


um pedaço do tempo

quedou-se

caiu no asfalto quente

des fa ce lou- se

agora

um pedaço do dia

é noite

parte da noite

é dia

enlouqueceu o tempo

desentende hoje

do que antes sabia


Úrsula Avner


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

* Assim *

tela : Frida Khalo


tenho um lado
que se esconde de mim
se faz de rogado
hoje aparece
de terno abotoado
amanhã
chega nu e desbotado

quando o desconforto
encontra pouso
brotoeja na pele
espinho no corpo
na alma
lodo pegajoso


Úrsula Avner

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Hoje é dia de Maria Clara...

Hoje é meu dia de postagem no

http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/

Clique no link acima e descubra o que a figura postada ilustra. Um abraço terno a cada um(a) que me visita e registra seu comentário. Com carinho,

Úrsula Avner

* imagem do google- sem informação de autoria

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

* Germinação *


guardei
o que não era verbo
no fundo de um rio raso
veio enchente
rio transbordou
peixes saltaram
na vazante
agora
respiram poesia

Úrsula Avner


* imagem disponível no google- sem autoria informada

Olá queridos (as) amigos(as) , finalmente estou de volta !!!! Senti saudades...

Aos poucos visitarei cada um de vocês que sempre me honram e alegram com sua presença em meu cantinho. Beijos com carinho.