sexta-feira, 29 de abril de 2011

* Canção dos mistérios de ser *


tela : sun -rain ( sol-chuva)
por: Salma Shami

do deslumbre de ser
extrai-se o mel
e a folha amargosa
um pedaço de céu
o gosto acerbo da losna
o diário da rosa
frágil flor do desejo
doce e manca
ávida e pálida
entregue ao vigor do ensejo

do deslumbre de ser
evocam-se mistérios
que dançam na escuridão
em chão de névoa
não bailam em vão
há um ponto de luz
guia de cada coração

Úrsula Avner

terça-feira, 26 de abril de 2011

* Canção das faces do amor *

desenho: Maré e Floresta
por : Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


talvez amanhã
ainda nos amaremos
com o denodo de
um maremoto
em dia de borrasca
sem censura
sem medo
sem máscara
sem freio e sem foto
encardida no porta-retrato
assinalando o momento
que não se quer esquecer
que se deseja de volta
que se teme padecer

talvez amanhã
(ainda) nos amaremos
na quietude do espinho
que cresce na rosa
na face no peito
sem aquela pontuda
necessidade de dizer
" eu te amo "
sem o aperto
no íntimo

a secura na boca

talvez (amanhã)
(ainda) nos amaremos
no encanto da chama
que insistente trepida
no múrmurio
da chuva fina
manso suave
como quem afina
um instrumento raro
com brandura e precisão
ou como quem dispensa
o sentido e a razão
e em súbito delírio
evoca a loucura
que a morte abomina

talvez amar
seja tão somente
nossa sina

Úrsula Avner

sábado, 23 de abril de 2011

* Poema-dia*

tela : Amanda Cass

hoje sou
ave cantarolante
não quero ouro
ou diamante
apenas pó de estrela
e um garboso amante
sou rosa-louca*
mudo de fase
num instante
que não me queira
sem medida
a poesia
hoje sou
temporal
poema-dia

Úrsula Avner

* rosa-louca : arbusto da família das malváceas cuja coloração das flores muda no curso do dia, do vermelho para o branco.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

* o olho mais azul *

fonte da imagem : Google

antes que desbote
o sol no horizonte
a dança do mar
me captura
não sei como
nem onde
o mar se apossou
de mim
ou fui eu
que o engoli
mas a verdade
é mais do que vejo
o que enxergo
é somente lampejo
não há como decifrar
o indecifrável
se o mar me vem
como canção
discrimino poucos acordes
em notas minguadas assim
mas a melodia que ouço
jamais será fugaz em mim

Úrsula Avner

domingo, 17 de abril de 2011

* Simplesmente azul *

fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

há um azul abstrato
que se deita na claridade
ora discreto cordato
ora repleto de vaidade

azul que lateja entre estrelas
sobeja no mar á luz do sol
azul da chama de muitas velas
da luz que emite o farol

o azul das veias constrange
em dias azulados de inverno
um olho azul petrifica o instante
o corpo azulado fica quente e terno

a pétala azul é poliglota
a geleira azul da montanha o sabe
o azul do jeans que desbota
cobre as águas em contornos de ave

a língua azulada saliva
o amor que ficou no azul
do tempo do breve momento
do vagão que leva hálito sedento

é azul a cor de dentro

Úrsula Avner

Caros(as) amigos (as) e visitantes, postei este poema no blog Maria Clara : Simplesmente Poesia há algum tempo atrás e embora não seja cruzeirense ( rs rs ), hoje senti vontade de postá-lo aqui. Desejo um dia e uma semana muito azul para todos e todas ! Um abraço terno.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

* Canção do derramamento *

imagem : chuva para Vinicius- por Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


em cada gota
um cristal
uma crista de onda
uma pedra de sal

em cada pingo
um mistério
um assombro
um destino prévio

obstinada gota
guarda o fascínio da quietude
a parte invisível
é o que a faz inteira
plena da força do açude

Úrsula Avner

segunda-feira, 11 de abril de 2011

* Alma flamenca *

tela : danza del fuego- Carlos Carreteiro

passos absolutos
golpeiam o chão
chora a guitarra
...

Hoje estou no Maria Clara: Simplesmente Poesia- para continuar lendo o poema clique aqui

Obrigada por sua visita e carinho. Um abraço amigo.

Úrsula Avner

sábado, 9 de abril de 2011

* emergente estação *

Fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

folha seca
tremula aflita
espera a passagem
do tempo
o colo celestial
o rito do vento

cai a chuva
impiedosa
renova a terra idosa

assim se desfaz o verão
respira o outono

Úrsula Avner

quarta-feira, 6 de abril de 2011

* Velejando *

Desenho : Frequência Mar
por: Luiza Maciel Nogueira

http://versosdeluz.blogspot.com

Conheço de ti os ardis
os ventos favoráveis
as palavras febris
invento um mar
só meu
escunas trafegam
solitárias
dentro delas
mistério de luas
e estrelas
sede do ponto
de partida
desejo de alcançar
porto seguro
em crista de onda
: idas e vindas

Úrsula Avner

domingo, 3 de abril de 2011

* Inesperado encontro*

Fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

por três vezes
atravessou
meu caminho
voo azul-turqueza
vida despretensiosa
ciente de sua realeza

talvez três
seja um número
de sorte
se tal visão
não cura completamente
abranda a dor do corte

Úrsula Avner

* a poesia foi escrita neste último final de semana em que estive na encantadora pousada "Cachoeira da Serra" em Jabuticatubas- M.G. Uma linda borboleta azul muito semelhante á que está na imagem postada, passou por mim três vezes. Infelizmente não consegui fotografá-la, mas ela permanece gravada em minha mente. Quem me conhece sabe do meu interesse e amor pelas borboletas e do quanto elas me inspiram a escrever... Afinal elas são a metáfora peculiar da poesia. Um abraço a todos. Assim que possível atualizarei as visitas. Até breve !

Úrsula