segunda-feira, 14 de junho de 2010

* Busca *




cato aqui e ali

um cheiro de brisa


entre as pedras

um poema preso


nas parcas rimas

um gosto de hortelã


remo rumo ao sol

no suave abrigo da lã


Úrsula Avner


* imagem do google-sem informação de autoria



18 comentários:

  1. Sua colheita nos remete a uma linda vista.

    Beijos.

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  2. ENCONTRO


    Foi se formando um campo bonito
    Que com palavras e gestos meigos
    Aproximação linda foi se formando
    Igual à lua que desce e beija o mar...

    Que céu lindo de palavras e gestos!
    Um lindo encontro que logos nos deu
    A boa amizade saudável e gostosa
    Assim boa como um céu estrelado...

    Vi tua voz docemente surrurando
    Como a voz murmurante dos rios...
    Doce como é linda a pétala da flor

    E se dos teus lábios um riso luzia
    Em brilhos minha alma parecia voar
    Voando para ti e querendo beijar-te.


    Guina

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  3. O HOMEM
    (à João Cabral de Melo Neto, in memorian)


    Esse ser fraco, frágil e desnorteado
    Que cabe num beijo recebido ou dado
    E num abraço pode ser dar por perdido
    É o Homem: ser de eternas dúvidas.

    Esse que pensa, reflete e questiona
    E no amor busca sua própria saída
    E a qualquer hora a tudo desacredita
    É o Homem: ser de razão e dúvidas.

    Esse ser que cria, planeja e inventa
    Que tudo quer e nada lhe alimenta
    É o Homem: ser de dor e angústias.

    Esse mesmo ser que luta e acumula
    Consigo mesmo entra em aflição dura:
    Vê que uma flor suplanta sua fortuna.

    Guina

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  4. Teu poema lembra-me das assinaturas que Deus nos deixa na existência da brisa, das pedras, das flores... para nos informar que Ele passou por ali...
    de uma vida eterna,
    mesmo sabendo que somos mortais...
    ... de outra dimensão; mas aí é outra história a ser contada!...

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  5. Muito suave essa viagem rumo ao sol, ao encontro da poesia. Belo, Úrsula. beijo.

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  6. Úrsula, minha querida,

    Lindo e suave!
    Sempre aprendo, um pouco mais, quando venho aqui.
    Bjs

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  7. Suave e inspirador como a brisa fresca...

    Beijinhos!

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  8. Todos nós buscamos a luz, independentemente do percurso. Para uns é preciso mergulhar fundo, outros descobrem o caminho nas coisas simples. Que o seu seja harmonia plena, são os meus votos.
    Bjs

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  9. OLá Ursula...
    Eu que agradeço a você...
    Só não me tornei seguidora antes por não saber mexer nestes blogs,(rsrs)
    e não por falta de vontade.
    Adoro o que escreve, todos os seus espaços são lindos e repletos de magia...

    Eu sou sua fã !

    Super beijo e sucesso sempre !


    Charly

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  10. Oitavo Cálice


    Perscruta o infinito como quem aguarda o insurgente apito do comboio
    Porque há algo que escutar no silêncio da ímpar imensidão do cosmos
    Quando já for quase noite neste dia ainda o mesmo dia ao crepúsculo
    Quando comecei a escrever-te todavia já é madrugada o ocaso serôdio
    Quando a aurora e o odor do teu corpo se misturam o mesmo fascículo
    Se diluem brasa no perfume acidulado da rosa canina medida a moio
    E seu fumo evola e dança entre nós urgentes e nus trejeitos de menina
    Que os ventres se requerem desesperados na sôfrega eclosão plangentes
    Com que se fundem num só fogo e igual fragrância de sangue ilumina
    Latejante arrebatamento, febril e avassalador esquecimento da luz o til
    Que cheira tão bem que até dói custoso acreditar ser cálice primaveril
    As folhas a arderem estralejando desde a semente à raiz dum rebento
    Libertando fleumas de convergir na morrinha da manhã acesa ao vento.

    Eu confesso que também não sei quase nada das horas aberta espiral
    Dos dias e do tempo apenas reconheço os minutos que sinto estar perto
    Na intensidade dos sessenta segundos de pensar em ti em ti no plural
    Em ti no analógico desmedido até ferver cachoeiras no DNA desperto
    Furnas de lava ácida nucléica borbulhante nas lagoas cerebrais do sinal
    Desmesuradas quedas de água interior despencam abruptas desmedidas
    Precipícios líquidos do desejo com que te dissolves nas minhas lidas.

    Há outras coisas a querer igualmente dizer sem parar ininterruptamente
    Claro, mas que podem esperar ainda pelo sacrifício do verbo ao nome
    Quando o degolarmos na lousa e altar de todos os silêncios cintilantes
    E o seu latido agonizante raspar o arrepio e sulcar a alma alerta insone
    Com as pontas de diamante das estrelas que anavalham o torpor antes
    O rasgam de alto a baixo e esfaqueando-o como cristais candentes ais
    Plantam nas telas do céu diamantinos e fulgentes soslaios e madrigais
    Esses teus com que dizes não à morte de nenhum animal ou ser vivente
    Flor, árvore, ideia, cor, som, gesto, expressão do agora digital semente
    Porque tu preferes que profira a vida em linhas de horizontes tangentes
    Paralelos sobre a paralelidade como socalcos de aproximação do grito
    Palavras sobre palavras a irromper o imo seio das veias no grão granito
    E pulsantes impulsionem as correntes águas a espraiarem-se liquefeitas
    Até não podermos mais de tanto ruborizarmos nas inconfessáveis teias
    Vermelho desejo do tumescente segredo no beijo sequestrado perfeito.

    Porque quando se é julgado por incendiário e ter ateado o fogo divino
    À floresta dos sonhos incondicionais e estes em labaredas irrompam
    Incendeiem o corpo no suplício da obsessiva possessão nosso destino
    E me possuíres em ti como um crime consumado no imo foro as glórias
    Então ficará explicado sem que usuais contundências ilusórias acudam
    Da retórica dos remorsos e rebates dos desejos arrependidos assaz frios
    Que mergulhei na morte abraçado ao meteorito incandescente do olhar
    E do teu beijo, e atravessei-a toda num golpe de adaga imperial secular
    Separando a eternidade em duas metades como fruto maduro nos estios
    Cometa acutilante de seda felina a dizer a fresta que nos une até gritar
    Teu nome através dos tempos milenares provocando infinitos arrepios.

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  11. Leve, doce e suave esse poema-rumo.

    Beijo.

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  12. Úrsula!

    Linda a imagem poética formada. O cheirinho de hortelã no ar...

    Maravilhoso!

    Beijos

    Mirze

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  13. Um cheiro de brisa. Um cheiro de hortelã.Um poema com aromas de primavera.
    Beijos

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  14. Seus versos me fizeram uma enorme falta nos dias que em ausentei...

    abraço

    Como sempre belo escrito!

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  15. Agradeço a cada amigo, amiga e visitante por cada palavra postada em gesto de carinho e apreço. Um beijo a todos.

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  16. Uma jovem, amiga minha, vai se casar, e me pede algumas palavras bonitas - poéticas! Então, que poderia dizer o poeta para uma jovem que atravessará, em breve, a experiência que é a mais linda e importante para um coração feminino qualquer, senão recorrer às misteriosas profundidades do infinito para buscar, através do vôo da alma, aquilo que, com simplicidade, pudesse dizer sobre a importância do casamento, e da importância metafísica e psicológica para que ele, como ato de tocante simbologia, seja não uma aventura inconsequente da fisiologia humana, mas uma atitude decidida e determinada pelos valores da alma. Por isso, eis aí: Nubentes, em versos.


    NUBENTES


    Casar-se é muito mais que o bonito
    no casar-se está o gostoso da vida...
    casa-se, então, a alma com o corpo
    com os laços de afeto bem gostoso!

    Casar-se está além do encantar-se
    como se pegasse nuvens no espaço
    - é assim a alma de quem se casa
    o coração que ri de tanta felicidade

    e o outro que nos ama de verdade
    percebe que amanhã é tarde demais
    e plantam no hoje frutos a semear

    Num campo que é um dos mais fértil
    onde a verdadeira vida pode pulsar
    e toda felicidade, linda, pode brotar

    Guina

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  17. A ALMA

    Digo, plenamente, que há uma flor invisível
    no teu caminho e pelo teu caminhar floresce;
    uma flor feita de pura luz que ninguém a vê
    nem teus olhos, quando buscam esse mundo

    Digo, ainda, que essa flor é linda como o Sol
    e como é feita da força e da luz que nela há
    digo que essa flor é tudo que tens e possuis
    e dela nunca queiras, porventura, afastar-se

    Digo, obviamente, que essa flor é verdadeira
    embora impossível o simples olho enxergá-la
    Mas, enfim, como a ti chegam estes versos

    Digo, com a mais bela simplicidade de poeta
    que essa flor é perfeita, esplêndida e formosa
    E floresce nos tic-taques que teu coração toca.


    Guina

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