segunda-feira, 28 de junho de 2010

* Despejo *

a taça da ira
está cheia
transborda
quando o cá li ce
for derramado
ca le -se
não há o que dizer
após o derrame
silêncio dor
espanto horror
vida infame

Úrsula Avner

* poema inspirado na postagem- Cálice Censurado- da poetisa Mirze Souza em seu blog de poesias. A postagem mostra um vídeo com a música - " Cálice " do Chico Buarque de Hollanda. Nas próximas eleições, façamos a necessária reflexão antes dos votos... antes do derrame... Um abraço com carinho a todos que me visitam.

14 comentários:

  1. Certo. Agora, ao menos, temos que aturar o fato de que o cálice não nós é imposto.

    Um poema sócio-político, então? Mas ainda assim sutil e polissêmico, falando de uma coisa que pode ser outra.

    Abraço.

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  2. Adoro diálogos poéticos, e vc e a Mirze são poetisas que derramam lirismo. Bebo dos cálices de vcs.

    Beijos.

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  3. Úrsula!

    Lindos versos que ecoaram da letra do Chico. As eleições virão depois da euforia dos jogos.

    Fico-lhe grata pela reflexão da música. Foi uma época dura e eu a vivi, embora jovem.

    Belo poema, para mim é um grito que há de valer.

    Beijos

    Mirze

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  4. Suave profundidade, embebida de pura estética... Gosto muito :-)

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  5. Uma taça cheia de ira... também a temos.
    Um beijo.

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  6. Ainda que na ira, tua lira transborda sutilezas...

    Beijos, lindura!

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  7. Linda sua poesia amiga, parabéns, tudo de bom pra você

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  8. Andando pelos blogs, encontrei o teu...
    Muito bom, cada texto, imagem..
    Lindo teu cantinho..
    Beijos

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  9. Quando descensurarmos os livros eles nos darão o seu luugar entre as estantes da memória...

    Décimo Sétimo Cálice


    Sobre o azul das cadeiras
    Um ágil miosótis saltita
    Alinha livros, limpa prateleiras
    Cujos meneios são mil maneiras
    De pôr o pó fora dessa palafita.

    Aldeia dos lótus em flor
    Siando à tona do olhar
    Brancos, porém criando vida e cor
    No horizonte desse teimoso leitor
    Que decifra sentidos no imaginar.

    Repõe a ordem nos fugitivos
    Expulsa os intrusos do lugar
    E se alguns são mais activos
    Dá-lhes refrega e põe-nos cativos
    Ordenando-lhes a onde ficar.


    É autoritária esta serviçal
    Dominadora perante residentes
    Exigindo aos súbditos renitentes
    Que assumam a sua posição real
    Na estante, antes que lhe suceda mal.

    E eles, livros perdidos, em jeito cru
    Submissos, intérpretes do conhecimento
    Acatam a catalogação em CDU
    Como soldados em missão na ONU
    Ou em serviço maior do seu regimento...


    Tu prà'qui, tu prà'li, em fila, marchando
    Pondo acerto no passo e tino nas maneiras
    Que aqui, ao alto subida nestas cadeiras
    Não há outras leis nem demais fronteiras
    Pois que aqui, sou eu quem mais mando.

    E perante essa razão incontornável
    Sobre aqueles na reticência activos
    Eis que Arina, o Sol da tarde perscrutável
    Assume por momentos
    As semelhanças e movimentos
    De uma arrumadora de livros!

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  10. Agradeço o carinho da visita e comentário de cada amigo e amiga aqui no meu cantinho.Um abraço afetuoso a todos.

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